Ministério do Trabalho avalia que tendência de queda do emprego passou

Os novos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmaram o terceiro ano consecutivo de fechamento de empregos formais no Brasil, mas com ritmo bem menos intenso e bem próximo da estabilidade. No acumulado de 2015 a 2017, o indicador registrou o encerramento de 2,88 milhões de vagas com carteira assinada. “A tendência de queda do emprego passou. Interrompemos a queda. Agora, o próximo passo é procurar crescer o emprego”, disse o coordenador-geral de Estatísticas do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães.

Ao divulgar os dados, o coordenador-geral de estatísticas comemorou o ritmo menos intenso do fechamento de vagas. “O fechamento de 20,8 mil vagas no ano passado significa, em termos estatísticos, a estabilidade do emprego”, disse em entrevista. Em 2015, o Brasil perdeu 1,53 milhão de vagas e, no ano seguinte, 1,32 milhão de postos.

Para o técnico, o ano terminou com dado próximo à estabilidade após um dado melhor que o esperado do mês de dezembro, quando foram destruídos 328,5 mil empregos. Um ano antes, em dezembro de 2016, o Brasil havia perdido 478,1 mil vagas de trabalho.

Mário Magalhães explicou que, normalmente, o mês de dezembro tem demissões. Ainda que haja contratações no setor de serviços, todos os outros segmentos costumam registrar demissões. “A indústria geralmente tem dado negativo porque as encomendas do Natal já foram cumpridas. O setor da construção passa pelo regime de chuvas, o setor de ensino também costuma demitir e a agropecuária está em entressafra”, disse.

Setores em recuperação

A indústria de transformação fechou 19,9 mil empregos com carteira assinada no ano passado. Apesar do dado negativo, o coordenador-geral de Estatísticas do Ministério do Trabalho ressaltou que já há setores em recuperação. Dos 12 setores industriais, cinco já registraram crescimento de vagas no ano passado, disse o técnico. “Não é toda a indústria que segue demitindo”, disse.

Entre os segmentos, o subsetor industrial de alimentos terminou o ano passado com criação de 8,9 mil postos de trabalho, liderados pela indústria de açúcar e enlatados que reagem ao aumento do consumo nos supermercados. Houve, ainda, contratação de 4,9 mil pessoas no setor de materiais de transporte, 2,7 mil novos postos na indústria têxtil, 1,8 mil no segmento farmacêutico e 1,2 mil empregos novos na indústria de material elétrico e comunicações.

Por outro lado, a indústria de minerais não metálicos, como cerâmica, gesso, revestimentos e vidro, cortou 14,7 mil empregos no ano passado e liderou o fechamento de vagas no setor industrial. Também destruíram postos de trabalho a indústria mecânica (-6 mil), metalurgia (-4,3 mil), papel e papelão (-6,2 mil) e calçados.

“O que está se recuperando são os setores ligados ao consumo, como alimentos e vestuário”, disse Magalhães. “Já os setores como metalúrgica e mecânica não se recuperaram porque o investimento ainda não retornou, tanto nas empresas como nas famílias”, disse.

Impacto do PIB

Magalhães citou estudo realizado pela área técnica do próprio Ministério que indica que, se confirmadas as previsões do mercado financeiro para o crescimento da economia, o Brasil poderia registrar a geração de até 1,8 milhão de novos empregos formais em 2018.

A estimativa leva em conta o comportamento histórico do mercado de trabalho e da atividade econômica. Segundo o estudo mencionado por Magalhães, o crescimento de cerca de 3% do PIB indica a criação entre 1,7 milhão a 1,8 milhão de vagas formais. Se a economia conseguir crescer 3,5%, o potencial é de criação de até 2 milhões de empregos. Esse ritmo de crescimento – entre 3% e 3,5% – é citado por economistas como o cenário mais provável para o PIB neste ano.

Magalhães notou que essa não é uma previsão do Ministério do Trabalho. O número indica apenas o comportamento histórico do mercado de trabalho em relação ao crescimento da economia, explicou o técnico.

Intermitentes

O comércio do Nordeste tem sido um dos grandes entusiastas da nova forma de admissão de empregados através dos contratos intermitentes – quando não há carga horária mínima e o empregado atua apenas quando convocado. Dados do Caged indicam que 33,4% de todos os trabalhadores contratados através do regime criado pela reforma trabalhista estão no Nordeste. Por ocupação, o cargo de assistente de vendas é, disparado, o mais contratado com 67,2% das novas vagas.

“O comércio do Nordeste tem grande participação nos contratos intermitentes”, disse Mário Magalhães. A nova forma de contratar passou a vigorar em 11 de novembro. Desde então, 5.641 empregos foram criados no regime intermitente. Desses, 1.886 foram nos Estados do Nordeste.

Ao apresentar os números, Magalhães citou que varejistas da região têm usado esse instrumento para contratação de mão de obra para reforçar o pessoal em eventos específicos, como a “Black Friday” e também nas vendas de fim de ano. Entre os Estados nordestinos, a Bahia teve 439 contratos intermitentes, Pernambuco abriu 316 postos e o Ceará registrou 312 vagas novas pelo regime intermitente.

Juntos, os Estados do Nordeste contrataram mais que São Paulo, a maior economia estadual, que registrou 1.561 empregos intermitentes ou 27,6% do total.

Por função, o posto de assistente de vendas teve 3.903 vagas intermitentes preenchidas no período ou 67,2% de todos os empregos criados nesse regime. Em seguida, aparecem servente de obras (114 empregos), garçom (87) e vigilante (86). Fonte: Isto é

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