Com desemprego em alta, número de trabalhadores informais cresce no Brasil

Partir para um negócio próprio é a saída que muitos brasileiros encontraram para garantir o sustento, numa situação de crise econômica como a que o país vive. De 2014 para 2018, dobrou o número de trabalhadores desempregados. Eram pouco mais de 6 milhões e hoje são 13 milhões. E muitos deles resolveram virar empreendedores, começando de maneira informal.

Muitos empreendedores buscam no setor de food service uma saída para garantir o sustento. A estimativa de faturamento desse mercado, que engloba a preparação de refeições, lanches e bebidas, é de R$ 230 bilhões para esse ano.

O PEGN conheceu pessoas que ficaram desempregadas e arregaçaram as mangas. Montaram negócios e conquistaram espaço no mercado.

“Família, filhos e as contas para pagar. Assusta, preocupa, mas por outro lado aparecem as oportunidades”. Em 2009, o José Aparecido Marotte ficou desempregado. Mas, ele e a família viram uma oportunidade quando abriu uma estação de metrô logo na esquina da rua onde moram.

A rua ficou movimentada e eles não perderam tempo: transformaram a varanda de casa em uma lanchonete. Começaram servindo café da manhã, informalmente, usando a cozinha de casa. Logo se especializaram em salgados.

Eles venderam tanto, que expandiram o negócio. Clarice Marotte, mulher do José, também deixou o emprego e investiu na compra de uma máquina de fazer salgados. Hoje produz 600 por dia. Ela diz que não se arrepende, mas também fala das dificuldades. “Acho que todo negócio, quando bem gerenciado, tem grande chance de dar certo”, diz Clarice sobre o novo desafio.

A consultora de food service, Flavia Carro lembra que, mesmo estando num bom ponto comercial, algumas regras são básicas para ter sucesso. É preciso seguir normas da Vigilância Sanitária, fazer pesquisa de mercado e encontrar diferenciais. “Ver o seu dia a dia e estudar, ver seu concorrente, o tipo de público que você vai atender, o local em que está, os horários”, explica a consultora.

Já a Glanice Oliveira Silva perdeu o emprego de gerente administrativa numa multinacional, em 2015. “A empresa não estava passando por uma fase de demissões. Eu fiquei perdida, sem saber o que fazer”. Ela tentou se recolocar no mercado durante um ano.

A saída foi empreender e com R$ 150 comprou matéria-prima e embalagem e começou a fazer pães e bolos em casa. Tudo informal. “Aonde eu ia fazia uma propaganda do que fazia, então era só na informalidade no início mesmo”, conta.

As empresas informais são menos produtivas do que as formais, porque não tem acesso a créditos e não conseguem crescer, ter ganho de escala. A Glanice percebeu isso quando foi vender seus produtos para lojas maiores, que exigiam nota fiscal. Foi aí que ela se formalizou e virou Microempreendedora individual (MEI).

Ela tirou o CNPJ e usou as economias, cerca de R$ 50 mil, para abrir um bistrô no ano passado. Além dos bolos, ela também serve sanduíches e refeições. Mesmo com a contratação de um funcionário e o aumento nos custos, o ganho foi maior.

Agora, a empresária negocia a compra dos alimentos em quantidade. A cozinha prepara mais pratos de uma vez, o custo fixo se diluiu e ela aprimorou a técnica. “Ficamos mais produtivos, mais rápidos, temos uma visão diferente a cada dia que passa”. Quando era informal, ela atendia 50 pessoas por mês. Hoje, Glanice atende mais de mil. O faturamento é de R$ 6 mil por mês.
Fonte: G1

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